A mulher dos 20 mil seguidores. Conheça a fotógrafa pernambucana Carol de Andrade
"O Recife-sonho seria um lugar com mais gente sentada na calçada, na  cadeira de balanço vendo criança brincar na rua. E não o trânsito,  barulho e sujeira", buzina, de um apartamento nas Graças onde mora desde  a infância, Carol de Andrade, 22 anos: "fotógrafa e pequena",  decifra-se. O Recife onírico dessa conterrânea, porém, é concreto nas  imagens que compartilha no Instagram (@carooldeandrade), onde acumula cerca de 20 mil seguidores e figura na seleta lista de contas indicadas pelo site.
"Em  tudo que eu fotografo, busco poesia. Procuro uma forma de passar aquele  quadro que eu estou imaginando, aquele recorte lúdico do que é, na  verdade, uma cidade caótica", diz ela, formada em Fotografia pelas  Faculdades Integradas Barros Melo (AESO). "Constantemente, atento a  cores e a linhas, e as pessoas me atraem mais ainda".
As imagens de Carol, embora respirem uma capital "analógica", são do  tempo do smartphone e foram popularizadas na rede. "É estimulante saber  que tanta gente vê o que eu faço. E eu também sigo várias pessoas com  trabalhos interessantíssimos, que me inspiram sempre, querendo ou não.  Acho que é uma troca", valoriza.
"O que me deixa um tanto triste  (no Instagram) é que vejo muita "fórmula", gente que faz um estilo de  foto, esse estilo faz sucesso e muitos outros o imitam. Acho que a  ferramenta pode ser usada bem melhor que isso." No começo, ela virava o  rosto para a ideia de ter uma conta no aplicativo, mas "pensei: posso  tentar trazer a minha linguagem para o Instagram, tentar que, ao invés  de uma forma de banalizar, seja uma forma de expandir.
"Essa expansão de que fala a artista é guiada pela estética minimalista,  sem descolar de regionalismos e de outras influências. "Eu adoro o  efeito do cromo, gosto muito das cores de Frida Kahlo, fotografia de  filme." E continua: "Acho que isso tem a ver com saudosismo, com o que  eu imagino que era o Recife muito antes da minha geração. E como tenho  família no interior, acho muito massa essa tradição que existe lá  ainda". Quando "pequena", ela ia e voltava de Goiana - cidadela na Mata  Norte do estado - ver os parentes.
A pequenina de olhos puxados começou a capturar essa metrópole do  interior aos 15 anos. Mas Carol sempre enxergou o Recife através de um  filtro - literalmente - lúdico. "Não acredito que minha fotografia seja  política, mas uma linguagem." Nos primeiros anos de vida, ela viveu em  Olinda e logo se mudou para a cidade siamesa: "primeiro, morei em Jardim  Atlântico, Graças, depois Bairro Novo, depois, Graças de novo". E,  sobretudo, a fotografia de Carol, mais do que a discussão estética, é  cheia das pessoas e dos nossos espaços lúdicos do dia a dia.