Dois fatos inquietam os profissionais de comunicação atualmente: o projeto de reforma universitária que o Ministério da Educação encaminhou ao Congresso Nacional e o ante-projeto que classifica as áreas do conhecimento, que já está em tramitação. Este foi o tema da apresentação do professor José Marques de Melo durante a noite de abertura do IV Encontro de Escolas de Comunicação do Estado de Pernambuco. Pioneiro na introdução de disciplinas sobre investigação científica em Pernambuco, Marques fez uma análise detalhada e cuidadosa sobre os impactos dessas duas mudanças no mercado de comunicação.
O professor explicou que, caso esses projetos sejam postos em prática, mudanças importantes seriam implementadas no ensino de comunicação. Como a adoção de um ciclo básico de dois anos obrigatório em todas as áreas do conhecimento. "Isso representaria um retrocesso de 50 anos para os cursos que eram exatamente assim quando foram criados e já haviam evoluído", comenta. Para ele, o modelo atual - com formação prática desde o início do curso - é o único capaz de qualificar profissionais capazes de editar periódicos, ancorar telejornais e comentar notícias no rádio.
Marques comentou a evolução do ensino de comunicação no país. Na década de 50 havia apenas 8 cursos. Esse número triplicou nas décadas seguintes, quando o diplioma passou a ser obrigatório, fazendo com que o jornalismo deixasse de ser um apêndice dos cursos de Direito. Nos anos 80 esse mercado passou por uma contenção e foi estabilizado nos anos 90. "Hoje vivemos um apogeu acadêmico que talvez não tenha sido vivenciado por nenhuma outra área acadêmica no Brasil: são mais de 500 cursos de graduação, fora os autorizados que esperam uma oportunidade para se lançar no mercado", anuncia, informando que Propagada e Jornalismo são os que atraem mais alunos.
Para Marques, a solução para resolver as lacunas de conhecimento dos jovens deve ser conduzida no segundo grau. É nesse momento que as deficiências devem ser corrigidas, caso contrário vai acontecer um incremento da evasão escolar com fuga dos vestibulandos para cursos tecnológicos ou sequenciais. "Acredito que a educação à distância pode ser o futuro da nossa educação", comenta. E recomenda cuidado com a expectativa excessiva diante do mercado de internet - é importante, mas ainda emprega pouco - para profissionais de comunicação.
Além da apresentação do professor, a noite contou com o discurso de Ivânia Barros Melo, diretora das Faculdades Integradas Barros Melo, que sediam o evento e com a entrega de prêmios para os trabalhos que obtiveram destaque. O EPEC reúne professores da UFPE, UFRPE, Unicap, Esurp, Fama, Favip, Universo, Fape e Marista.
Veja no
site do evento detalhes sobre seleção de trabalhos, prêmios, entre outras informações. O encontro é uma promoção do Fórum de Professores de Comunicação de Pernambuco (FPCP) junto às escolas de comunicação do Estado. A realização é das Faculdades Integradas Barros Melo.
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