Encontro para pensar o papel do design
Não é preciso ter um diploma universitário para exercer a profissão de designer. Mesmo assim, a classe e aqueles que se dedicam a estudar o design na universidade tentam se organizar e aprender juntos. Um dos exemplos é o Encontro Nacional de Estudantes de Design (Ndesign), considerado o maior da América Latina, que termina hoje, na sede das Faculdades Integradas Barros Melo (Aeso), em Olinda. O professor e consultor paulista Auresnede Pires Stephan, mais conhecido como Eddy, que trabalha com empresas como a Tok&Stok, fez parte de um momento intitulado de DR. A "discussão de relação" versou sobre o tema design por formação x o design por intuição. Para começar a conversa, Eddy lembrou de alguns fatos importantes para o design brasileiro, lá na década de 60. "Em 1965, Aloísio Magalhães, pernambucano, criou a identidade visual do 4º centenário do Rio de Janeiro. O ferro de passar da Walita foi desenhado por um estudante. A Escola Superior de DesenhoIndustrial, a primeira da América Latina, foi criada no Rio de Janeiro". E prosseguiu, defendendo a formação acadêmica, que garante solidez para a construção de uma metodologia de trabalho, mas que deve ser aliada à intuição. "A universidade é o caminho mais coerente", complementa. A relação entre design e realidade social, tema geral do evento, também esteve em pauta nos corredores da faculdade, que tinha alunos por todos os lados, colchões, barracas de camping colorindo os jardins. Todos para discutir a arte da forma. Eles, aliás, deram o bom exemplo: utilizaram materiais recicláveis na organização do evento, fizeram coleta seletiva. Na feirinha que tinha produtos de todo o Brasil e também durante uma mesa-redonda, tiveram a oportunidade de conhecer, por exemplo, a associação Design Possível, que trabalha com 96 artesãs paulistas e confecciona produtos com lona, como bolsas. "Não somos assistencialistas, mas fazemos com que elas entendam todo o ciclo de produção, até as burocracias, porque depois queremosnos tornar parceiros", explica Júlia Ashe. O professor da Universidade Federal de Pernambuco, Danilo Émmerson, participou do debate com Júlia. Nas aulas de design do produto, os alunos acostumados a pensar comercialmente são instigados a criarem mobiliário para hospitais, escolas públicas. "É uma preocupação com o social, mas também uma outra metodologia", diz o professor, que está se preparando para lançar o livro Projetando produtos sociais. Ontem à tarde, ainda teve a palestra do ilustrador Renato Alarcão, que discutiu como contar histórias através das ilustrações. Há duas semanas, o profissional, que colabora com jornais como o The New York Times, lançou o livro 36 vistas do Cristo Redentor, com ilustrações que trazem novas visões do cotidiano carioca. "O ilustrador cria para o múltiplo, vai ser publicado, mas precisa contar uma história num frame", comenta. O encerramento do Ndesign será com uma festa hoje, a partir das 23h, no Paraíso das Águas, em Maria Farinha. As atrações são Nós 4 e Jahstafary. Os ingressos custam R$ 20 e podem ser comprados antecipadamente na Aeso.