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A fotografia encanta a muitos. Mas a arte de ser fotógrafo é cada dia mais para poucos. Carreira hoje exige outra postura, com profissionais cada dia mais capacitados, bem informados, sensíveis e apaixonados pela reinterpretação dos fatos, das pessoas, da natureza Juliana Godoy// Especial para o Diario julianagodoy.pe@diariosassociados.com.br Registrar o aniversário de 15 anos, aquele protesto que marcou a sua vida ou até um lugar, só é possível graças Tuca Siqueira é uma das poucas profissionais que atuam com cinema. Foto: Helder Tavares/DP/D.A Press. às fotografias. A memória pode até ajudar a guardar as lembranças, mas as fotos são as provas físicas de que o fato realmente aconteceu e, muitas vezes, repassam sentimentos e histórias de uma outra época. Usar a máquina fotográfica é fácil. Qualquer um pode. Mas ser fotótografo, daqueles que conseguem passar informações através das imagens, sem precisar de palavras para fazer isso, é trabalho para poucos. Só quem está disposto a estudar, se aperfeiçoar e se informar cada vez mais pode tornar o hobby uma profissão. No estado, o curso de fotografia é encontrado por temporadas. O de Assis Lima e do Senac, que são mais técnicos, abrem vagas para novos talentos, pelo menos, a cada dois meses. Mas é na Faculdades Integradas Barros Melo, em Olinda, que se econtra a primeira graduação Norte e Nordeste de fotografia. "Fizemosum bacharelado. Além das técnicas, os alunos vêem muitos assuntos teóricos, como história da fotografia e filosofia da imagem fotográfica", explica a coordenadora Géorgia Quintas. O objetivo do curso é fazer com que o estudante tenha uma noção de tudo o que está por trás da imagem. E não só ensinar sobre manuseios de máquinhas e luzes. "Quando a pessoa chega aqui, ela não precisa necessariamente saber fotografar. Ser fotógrafo é uma construção, que vai sendo feita pouco a pouco. Aqui é um começo", afirma Quintas. A estudante do 3º período, Maíra Gamarra, 25 anos, por exemplo, garante que apesar de ter paixão por fotos, nunca tinha fotografado do jeito que faz na faculdade. "Tirava aquelas fotos de câmera digital, nas festas de casa. Na aula é diferente, você aprende sobre os ângulos, iluminação, técnicas mais profundas que no dia a dia a gente nem imagina que faça efeito na foto", conta Gamarra. Com o curso na bagagem, ela acredita que as chances de entrar no mercado de trabalho são bem favoráveis. "Estudar afotografia é diferente de sair tirando fotos. A teoria te dá uma noção muito mais ampla do trabalho do fotógrafo e do papel que a fotografia tem hoje. Sem contar que lá você convive com gente que já é profissional, tem uma troca de experiências enorme", garante. Apesar de Pernambuco estar vivendo um momento bem singular na fotografia, dedicação extrema é a única chave para se profissionalizar. "Teve a chegada do curso, a abertura de galerias dedicadas à imagem, estamos uniformizando a nossa identidade fotográfica e se desenvolvendo cada vez mais. Mas as pessoas precisam estudar e se aprofundar nos assuntos do dia a dia para se destacarem. Ser bem informado é fundamental para o fotógrafo", alerta Géorgia. A fotógrafa Tuca Siqueira atesta essa realidade. Ela é uma das poucas no estado que trabalham fazendos still (imagens que servem para a divulgação de um filme) e garante que a rotina é puxada e exige conhecimento amplo, para poder atuar nas mais diversas áreas. "No set de filmagens, ninguém vai parar para que você registre as cenas. Ao final do dia, você precisa apresentar um bom resultado. E tudo isso só é possível quando há muito conhecimento, uma técnica", explica Tuca. Apesar de se dedicar intensamente às filmagens, ela acredita que não dá para fotógrafo viver apenas disso. "Não é sempre que tem filmes aparecendo. Entre um e outro você pode trabalhar com publicidade, fotojornalismo", afirma