Clipagens

Um leque de oportunidades



Se o mercado de trabalho em fotografia pudesse ser resumido em apenas uma palavra, com certeza ela seria Heitor Cunha, editor do Diario, diz que há mercado para os que estão antenados com a leitura, a tecnologia e fotografam com prazer. Foto: Helder Tavares/DP/D.A Press. variedade. Afinal, são diversas especialidades a serem seguidas, lugares para se trabalhar e estilos. De uns tempos para cá, o campo de atuação só tem aumentando e chances para aqueles que se destacam, sempre aparecem. Mas, o editor de fotografia do Diario de Pernambuco, Heitor Cunha, alerta para a necessidade, cada vez maior, de se estudar a fotografia, fotograr e gostar profundamente do que se faz. A paixão de Heitor pelas fotos começou ainda na infância, quando ele olhava os álbuns antigos de família. "Me deparava com imagens de um passado que eu não conhecia. Via pessoas da minha família em um outro tempo, com fisionomias diferentes daquelas que eu olhava no presente. Tudo isso era mágico", lembra o editor. Quando ficou maior, o hobby de Heitor durante às noites era esperar pelo Repórter Esso e ver as imagens que apareciam na edição. "São imagens de guerra, da chegada do homem à lua, que ainda são bemfortes na minha memória", conta Cunha, que teve sua primeira experiência ainda dentro de casa. "Fotografava minhas irmãs e nossas brincadeiras. Em 1977, comecei a aprender as noções básicas de laboratório preto e branco e fui trabalhar na Cine-Som, uma gravadora publicitária", diz. Depois de prestar serviços para algumas agências, assessorias de imprensa e sindicatos, Heitor foi para a prefeitura de Igarassu. "Em 1991, fui para a Folha de Pernambuco, que não é a mesma de hoje, e no mesmo ano cheguei no Diario como repórter, depois fui editor assistente e agora sou editor", afirma. Na bagagem, o fotógrafo carrega o curso de extensão em desenho e pintura de modelo vivo e natureza morta do Centro de Artes da Universidade Federal de Pernambuco e está cursando o bacharelado de fotografia na Aeso. Para o Guia de Profissões, o editor, que comanda uma equipe de cerca de 15 profissionais, fala um pouco sobre o mercado local e as transformações da fotografia nos últimos tempos. Qual o perfil esperado de um estudante que deseja entrar na fotografia? Ele deve ser um bom observador, gostar de ver e "ler" imagens, estar sempre se reciclando em relação às tecnologias e linguagens novas e mergulhar com vontade nocampo, que oferece múltiplas oportunidades. Como é o mercado de trabalho local? O mercado é bastante diversificado, existe espaço para todas as áreas. Para quem quer fazer fotojornalismo, temos quatro grandes jornais na capital. Além disso, tem várias assessorias de imprensa, secretarias de órgãos públicos, ONGs e os sites de notícias. O trabalho como freelancer para agências de outras praças também é uma boa alternativa. Há espaço garantido também pra quem faz social, fotografia de arquitetura, científica, forense, de esportes, submarina, aérea. O mercado fotográfico sofreu alguma mudança importante nesses últimos anos? Sim. Com a internet, a informação passou a ser processada com mais rapidez, e isso facilita a utilização da imagem de forma mais democrática. Ou seja, às vezes a qualidade da imagem não tem mais um peso tão determinante em sua utilização. Qualquer um que possua uma câmera digital simples ou mesmo um celular com recursos avançados, pode ingressar no mundo da informação on-line, e, dependendo do valor da informação e do ineditismo da imagem, essa foto pode chegar às páginas impressas dos jornais. As primeiras imagens dos ataques ao metrô de Londres em 7 de julho de 2005, por exemplo, foram feitas por sobreviventes com seus celulares. Qual a remuneração desse profissional? Depende do ramo em que ele atue. Em fotojornalismo o salário não é ruim, mas deveria ser bem melhor, pelo desgaste que o repórter fotográfico tem. Somando salário, horas extras, domingos e feriados, ele pode ganhar entre R$ 2 mil e R$ 5 mil. Já um fotógrafo de social, pode faturar essas cifras em um trabalho apenas. Quanto à quem presta serviço com o freelancer em agências, varia se ele é contratado por serviço ou se será pago em comissão pelo que for vendido. O que você aconselharia para quem quer começar? Estudar fotografia hoje é um bom ponto de partida, já que agora temos uma graduação na área. Mas, o fundamental mesmo é fotografar e gostar do que faz. A realização profissional depende também da satisfação de fazer bem o que se propõe a fazer, no caso, fotografar com prazer. Ser fotógrafo é... Mostrar sua forma de ver e reinterpretar as coisas, os fatos, as pessoas. É se "mostrar" através de imagens que não são suas, mas que você toma para si.

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