Vimeo também quebra fronteiras
Certa manhã, no início do mês passado, o blog do produtor e rapper americano Kanye West (www.kanyeuniversecity.com) acordou plugado em Olinda. O vídeo Voltage, dos pernambucanos William Paiva e Filippe Lyra, alavancou milhares de visitas após ser acessado e divulgado lá pelo Hemisfério Norte – e sem nenhum regionalismo, acredite. Eles apenas postaram o trabalho no Vimeo (www.vimeo.com). Se até pouco tempo atrás a internet se vangloriava por lastrear a completa liberdade de publicação de conteúdo, casos como o do Cinepata.com e o do Vimeo apontam para aquela máxima de que menos é mais: são mecanismos que, se por um lado têm menor popularidade, por outro prezam por qualidade de conteúdo (e bote pente fino nisso), o que pode valer em qualquer canto deste mundo, comprimido mas ainda exigente. O Vimeo não é como o Cinepata.com, de Alberto Fuget, mas também não é o YouTube. É mais popular que o primeiro e menos que o segundo. Mais variado (e volumoso) que um, bem menos sortido do que o outro. Tornou-se o mecanismo preferido para quem deseja publicar suas ideias em alta definição, mesmo às custas de uma conexão mais lenta (eles incorporaram a tecnologia anos antes do YouTube), o que terminou afunilando o público. Em sua própria home, a rede se apresenta como uma “comunidade respeitada para gente criativa, apaixonada em compartilhar os vídeos que faz”, que promove a “melhor qualidade de vídeos do universo”. O Vimeo virou catálogo mundial de videoarte, clipes, pequenos filmes e brincadeirinhas artísticas. “No YouTube, qualquer um bota qualquer coisa. No Vimeo, a quantidade de vídeos é muito menor, mas a interface é muito mais configurável, muito mais bonita, e eu acho que ele se construiu em cima desse apelo: pelo fato de você poder rodar vídeos em HD, ele angariou um público que quer é expor seu trabalho”, diz William. Voltage, por exemplo, foi produzido no Estúdio de Animação das Universidades Integradas Barros Melo (Aeso), onde William trabalha e já desenvolveu diversas animações de caráter profissional. “Eu tinha publicado o vídeo havia duas semanas, e tinha cinco mil visitas. De repente, de um dia para o outro, foram 20 mil, e eram quase todas vindas do blog do Kanye West. Ao contrário do YouTube, o Vimeo dá todos esses detalhes para quem quer acompanhar a recepção de seu trabalho”, diz William. Balanço divulgado em março revela 1,3 milhão de usuários no serviço, além de uma quantidade de 13 mil vídeos adicionados diariamente, número que o YouTube superou ainda em 2005, quando foi lançado. Não é à toa. Em 2008, quando a Pixar lançava o milionário Wall-E, o Vimeo promovia a exibição da animação Big buck bunny, um “filme aberto”. Os interessados poderiam baixar todas as etapas de produção e assistir ao projeto em alta resolução. Este ano, a Honda lançou uma propaganda em formato de intervenção artística. Foi o vídeo Honda insight: Let it shine, no qual a página se integra à animação de uma forma que... Bem, só vendo para entender. O videasta e designer Raul Luna acredita que entraves tecnológicos ainda diminuam o alcance do Vimeo no Brasil, mesmo entre aqueles que têm relação profissional com o audiovisual. “Não utilizo, mas vi por lá um vídeo chamado Return as an animal, de Bruno Diccola, que se fosse colocado no YouTube ia ficar com a qualidade arruinada. Vou começar a usar em breve”, conta.