Clipagens

Por serem cursos com curta duração e voltados para a prática, as graduações tecnológicas vêm atraindo estudantes nas principais instituições de ensino públicas e particulares. Existem em Pernambuco opções em áreas diversas, como gastronomia, gestão ambiental, design gráfico e produção fonográfica. Mas, por falta de informação, muita gente ainda desconhece a natureza e as possibilidades que um diploma de tecnólogo oferecem. Tecnólogo é a terminologia utilizada pelo Ministério da Educação (MEC) para quem concluiu uma graduação tecnológica. Trata-se de um grau equivalente ao de bacharelado ou de licenciatura. “O bacharel tem uma formação mais generalista. O licenciado é formado para o ensino. E o tecnólogo é formado para o mercado”, explica o superintendente acadêmico do Grupo Universitário Maurício de Nassau, Inácio França. Após a conclusão do curso, o tecnólogo pode, por exemplo, ingressar diretamente num mestrado, assim como o bacharel e o licenciado. “Os cursos tecnológicos são mais focados na parte profissional. Eles eliminam algumas disciplinas dos cursos de graduação tradicionais, mas têm enfoque e disciplinas que os outros cursos não veem”, afirma o reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), Sérgio Gaudêncio de Melo. Ele ressalta, contudo, que os cursos tecnológicos não devem ser vistos como “atalhos” para um diploma de nível superior devido à curta duração. O desconhecimento dos cursos tecnológicos tem levado a impasses entre empresas, conselhos profissionais e instituições de ensino, mas aos poucos eles vem ganhando reconhecimento. “Contudo, ainda há empresas, como a Petrobras, que ignoram os tecnólogos nas seleções”, lamenta o reitor do IFPE. Mesmo assim, a oferta de cursos tecnológicos tende a aumentar. O IFPE abriu o primeiro, design gráfico, em 1999. Hoje são oferecidos cursos em áreas como radiologia e gestão ambiental. Todos são disputados, com concorrência entre 20 e 30 candidatos por vaga. “A procura tem aumentado. Por isso, estamos preparando outros”, antecipa Sérgio Gaudêncio de Melo. Em três anos, o IFPE deve abrir até cinco graduações tecnológicas em áreas como museologia, tecnologia da informação e design de interiores, espalhados pelos seis campus da instituição. Nas particulares, a situação não é diferente. “A procura tem sido crescente. As pessoas têm quebrado os preconceitos”, afirma Inácio França, da Maurício de Nassau. Lá, cerca de 15% dos alunos estão matriculados em graduações tecnológicas. A instituição vem fazendo pesquisas para orientar a abertura de novos cursos nos próximos anos. Atualmente, os mais concorridos são os de gastronomia e design de moda, que iniciaram as atividades em 2006. Uma característica dos cursos tecnológicos é a demanda de profissionais que já estão no mercado mas buscam um grau mais alto de formação. É o caso de Fábio Nogueira, que já atuava como auxiliar de cozinha quando resolveu ingressar no curso de gastronomia da Maurício de Nassau. Antes de se formar, ele foi promovido a cozinheiro no hotel Recife Palace. “Estar no curso ajudou a abrir as portas”, conta o futuro gastrônomo. EXPERIÊNCIA Caso semelhante é o de Leonardo Domingues e Sérgio Kyrillos, colegas no curso de produção fonográfica da Barros Melo e no estúdio Mr. Mouse, em Olinda. O primeiro trabalha com música desde 2000 e chegou a ser convidado para lecionar na graduação, mas, como não tinha diploma de nível superior, foi impedido de aceitar a proposta. Resolveu então ingressar na faculdade como aluno. Para ele, além da curta duração, uma das vantagens do curso é a possibilidade de trocar experiências com outros profissionais. Sérgio Kyrillos, por sua vez, é formado em administração, mas como trabalha com música, resolveu investir numa segunda graduação. “Assim, posso aplicar no dia a dia o que aprendo na faculdade”, conta.